Especialistas em agricultura e economia estão debatendo intensamente a recente revelação do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) sobre a possibilidade de transformar a província do Niassa em uma fonte confiável de trigo para o país até o final de 2024. Com as crescentes tensões globais, incluindo a guerra entre Rússia e Ucrânia, o fornecimento de trigo tornou-se escasso em Moçambique, acendendo discussões sobre a independência e autosustentabilidade na produção agrícola.
Os ensaios bem-sucedidos das variantes de trigo realizados pelo IIAM em colaboração com a empresa agrária African Century Matama nos últimos anos mostram um potencial promissor para reduzir drasticamente a dependência externa de Moçambique nesse importante cereal. Nos últimos três anos, a African Century Matama já forneceu mais de 450 toneladas de trigo ao mercado moçambicano, sinalizando a viabilidade e a capacidade de produção local.
Especialistas enfatizam que Moçambique tem recursos agrícolas ecológicos e potencialidades comprovadas para a produção de trigo em quantidades que poderiam garantir a autossuficiência do país. Eles apontam para as províncias de Niassa, Manica e Tete como áreas que têm capacidade comprovada para não apenas atender às necessidades internas, mas também para potencialmente se tornarem fornecedoras desse cereal para o mercado global.
No entanto, o debate se concentra na necessidade crucial de políticas agrícolas estratégicas que maximizem essas potencialidades. Questões como investimento em infraestrutura, suporte técnico aos agricultores locais, acesso a financiamento e tecnologia adequada estão no cerne das discussões. Os defensores desse movimento argumentam que essa transição fortalecerá a economia nacional, reduzirá a vulnerabilidade às flutuações do mercado internacional e garantirá um fornecimento estável de trigo para os moçambicanos.
Por outro lado, os céticos levantam preocupações sobre os desafios logísticos, a capacidade de produção em larga escala e a necessidade de investimento substancial para alcançar a autosuficiência. Eles também destacam a importância de equilibrar a produção de trigo com outras culturas essenciais para evitar a monocultura e garantir a segurança alimentar geral do país.
À medida que o país avalia essa oportunidade, é claro que a discussão sobre o potencial agrícola de Moçambique e a possibilidade de autosustentabilidade na produção de trigo estão apenas começando, com visões divergentes buscando um caminho que possa impulsionar o desenvolvimento agrícola e econômico do país.