O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moçambique fez uma declaração impactante, classificando a situação da dívida interna do país como “um pouco complicada”. Isso levantou preocupações sobre a abordagem atual do país em relação ao gerenciamento de sua dívida, especialmente ao recorrer a empréstimos domésticos para pagar dívidas externas.
O dilema enfrentado por Moçambique não é único. Vários países da região da África Austral estão lidando com desafios semelhantes, resultantes da conjuntura internacional, o que coloca pressão adicional sobre a busca por recursos domésticos para financiar suas despesas.
Os números revelam uma realidade inquietante: o Estado moçambicano fechou o terceiro trimestre com um ‘stock’ de dívida pública que atingiu 971.788 milhões de meticais (equivalente a 14.252 milhões de euros), representando um aumento de 5,1% em relação ao final de 2022. Este aumento significativo foi em grande parte impulsionado pela crescente dívida interna, enquanto a dívida externa parece estar mais estável.
Essa situação tem gerado debates acalorados sobre a viabilidade do modelo de financiamento adotado pelo país. Muitos questionam se a estratégia de recorrer a empréstimos domésticos para pagar dívidas externas é sustentável a longo prazo, especialmente em um contexto onde as fontes de financiamento externo estão restritas.
O FMI, ao admitir essa situação “um pouco complicada”, levanta questões sobre a saúde econômica de Moçambique e a necessidade urgente de políticas financeiras mais transparentes e sustentáveis. O debate agora se intensifica em torno das medidas que o país deve adotar para enfrentar esses desafios, equilibrando suas necessidades financeiras imediatas com uma estratégia de longo prazo para evitar crises futuras.